Carioquices, Destaque
Rodas de samba mais vivas do que nunca na Cidade Maravilhosa
Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 1 de dezembro de 2017
O dia 2 de dezembro pode até ser o "Dia D", mas a verdade é que, no Rio de Janeiro, todo dia é dia de samba. Em homenagem ao compositor mineiro - e carioca por excelência - de Aquarela do Brasil, Ary Barroso, o mestre que compôs o samba-exaltação Aquarela do Brasil e a ode à capital baiana, Na Baixa do Sapateiro -, um vereador baiano quis marcar como Dia Nacional do Samba a primeira vez que Ary visitou Salvador. E qual a melhor forma de homenagear o samba do que em uma boa roda? Seja sambando miudinho, riscando o salão ou carnavalizando. Uma coisa é certa: ele está na agenda de todo carioca, mesmo na das novas gerações que conheceram Ary Barroso pelo Spotify. E engana-se quem pensa que é preciso ter samba no pé para entrar na roda. "Tem o pessoal da escola de samba, de cacique, das escolas, e agora tem o pessoal do Carnaval de Rua. De repente ele não é o craque na roda de samba, mas toca alguma coisa, se junta com mais alguém e começa a dar certo", entrega Jorge Marques, produtor do Samba dos Guimarães. Democrático, o gênero musical que completou seu centenário em 2016, ocupa espaços públicos, bares e festas da Zona Norte a Zona Sul. E ocupa também a agenda da semana inteira, a exemplo do Samba da Pedra do Sal, aos pés da Morro da Conceição, e do Samba do Trabalhador, ícone tijucano, dois programas certeiros em uma segunda-feira na Cidade Maravilhosa. Verdadeiros símbolos de resistência, as rodas sobrevivem aos modismos e convidam novas gerações a se aventurarem entre acordes e tamborins. Aproveitando a data comemorativa, listamos quatro nomes que se dedicam a manter viva essa chama, mas com muita personalidade. Dá só uma olhada para entender! Samba Que Elas Querem Oito mulheres musicistas mostram que lugar de mulher é onde ela quiser, homenageando grandes nomes como Dona Ivone Lara, Elza Soares, Jovelina Pérola Negra e Paulo César Pinheiro. "É uma responsabilidade grande, ainda mais porque começamos a tocar em ambientes predominantemente masculinos. Estamos conquistando o espaço nesse cenário e fortalecendo as cantoras", explica Júlia Ribeiro, cantora e percussionista. "Colocando a cara" para chamar a atenção dos cariocas, ela explica que os artistas e o público as veem com surpresa e curiosidade. Uma coisa é certa: vale ficar de olho nas meninas que têm arrasado tocando no CCBB, Catete, A Paulistinha e outros redutos cariocas. Em tempo, nesta sexta, 01/12, elas vão arrasar no Bar dos Irmãos. Mais informações aqui. Samba do Bilhetinho O que começou com três amigos se juntando para tocar, cresceu. Influenciados por nomes como Noel Rosa, Nelson Cavaquinho e Cartola, a roda tem agitado a - já fervida - esquina da Visconde de Caravelas com Capitão Salomão batendo ponto no Fuska Bar 2.0 e, às vezes, n'O Plebeu. O Samba do Bilhetinho quer relembrar os sambas de terreiro da Velha Guarda não tão difundidos e conhecidos. "Queremos colocar o samba que a gente gosta pra frente e é bacana de ver a galera cantando as composições de 1950 ou até mais antigas", conta o integrante da roda Marco Antônio Oliveira, que embala o público tocando o violão de 7 cordas e cavaquinho. Pagode do Biro A roda de samba comandada pelo cantor Rodrigo Carvalho (fundador e ex-vocalista do Galocantô) começou em 2014 depois da insistência dos amigos que adoravam a roda que Rodrigo fazia nos seus aniversários e não queriam esperar até a próxima comemoração para mais uma. Com um público fiel e muita gente curiosa, Rodrigo, junto com sete músicos, entoam sambas de raiz inspirados em Cartola, Nelson Cavaquinho e João Nogueira. Pode anotar: de 15 em 15 dias, aos sábados, o Sindicato dos Fumageiros, que fica na Rua Haddock Lobo, 239 na Tijuca, ferve. Vale ficar de olho na próxima data! Samba do Peixe A mais jovem da lista, com apenas dois anos, a roda leva esse nome por tocar no Bar Toca do Baiacu na Rua do Ouvidor, 41. E como de costume nas rodas do Centro do Rio, gringos, famílias inteiras e até octogenários dividem espaço na plateia. No comando da roda, estão sete músicos profissionais que dividem a rotina de palco com o encontro mensal no Samba do Peixe. "Nós não somos uma roda de sucessos. Não temos banjo, nem repique de mão. Lá tocamos com pandeiro de couro, com reco-reco de madeira. Temos uma sonoridade mais tradicional", explica Ernesto Pires, integrante da roda. A roda é gratuita e é só chegar para ouvir boa música. Ficou curioso? O site Rede Carioca de Rodas de Samba rastreia uma programação bacana para quem quiser se jogar na bamba.