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Com Alessandra Maestrini, o musical “O Som e a Sílaba” chega ao Rio

Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 13 de março de 2019

Duas mulheres completamente diferentes se encontram e mudam a vida uma da outra. Quantas vezes já se ouviu esse tipo de história? Sem dúvidas, é bem comum. Mas o diretor e escritor Miguel Falabella conseguiu transformá-la em algo completamente diferente, inusitado e, para alguns, até mesmo desconhecido. Com a comédia musical "O Som e a Sílaba", que estreia nesta quinta-feira, 14, no Teatro XP Investimentos, no Jockey Club, Falabella explora a relação entre Leonor Delise (Mirna Rubim), uma diva internacional da ópera de meia idade que sofre para lidar com sentimentos e obstáculos que a vida lhe apresenta; e Sarah Leighton (Alessandra Maestrini), uma jovem autista extremamente talentosa no mundo da música - mas que ainda luta para ser aceita na sociedade.

"Leonor desafia e estimula Sarah e vice-versa. Uma transforma a vida da outra completamente. É, indubitavelmente, uma influência mútua e extremamente positiva na vida de ambas. Leonor ajuda Sarah a lidar com o mundo do lado de fora. Sarah ajuda Leonor a lidar com o mundo do lado de dentro", explica Maestrini, que se apaixonou não só pelo papel como também pela oportunidade de soltar o vozeirão lírico em números de ópera.

A dupla chega com a peça pela primeira vez no Rio de Janeiro. (Foto: Julia Lanari)

Durante o espetáculo, a linha que afasta a Savant - nome dado àqueles que são autistas funcionais - e a artista dos palcos pomposos e luxuosos torna-se quase invisível, e as situações engraçadas e inesperadas ganham espaço no roteiro que foi escrito especialmente para a dupla de protagonistas com aquele toque de comédia e uma pitada de drama que só o diretor sabe fazer - o que acaba por auxiliar na quebra do estigma, principalmente, sob a personagem Sarah, aproximando-a da plateia. "É uma história de superação contada de uma maneira muito divertida, engraçada mesmo e, ao mesmo tempo, muito emocionante e encantadora. A personagem é guerreira, surpreendente e, ao mesmo tempo em que é absolutamente inusitada, todo mundo diz " essa aí sou eu!", diz Maestrini.

Ela, inclusive, teve dificuldades de "aprender e se fazer entender no idioma e nos costumes deste país que se mostra estrangeiro", mas que hoje, depois de rodar algumas cidades com o espetáculo desde 2007, o muro entre os dois universos foi derrubado. O resultado desse encontro? Aprendizado para a vida toda. "A expectativa do mundo sobre você não pode e não deve limitar a sua expectativa sobre si mesmo, seus sonhos, nem tampouco, suas realizações. Tudo é possível com garra, determinação e amor", reflete a atriz, que fez questão de se encontrar com a cineasta Julia Balducci, que também é Asperger, para entender e criar uma personagem que representasse e respeitasse a existência de quem vive com autismo. "Nos divertimos muito na leitura e, tanto ela quanto os pais, deram toda a força para o espetáculo".

Alessandra Maestrini se encontrou com a cineasta Julia Balducci, que é Ásperger, para entender melhor a personagem. (Foto: Julia Lanari)

Pela primeira vez no Rio de Janeiro, "O Som e a Sílaba" já conquistou cinco prêmios, entre eles o consagrado Bibi Ferreira de Melhor Roteiro Original em 2018, e foi indicado mais de 20 vezes nas premiações teatrais do país. A expectativa para estrear na Cidade Maravilhosa, onde fica em cartaz até o dia 21 de abril, é grande, mas Alessandra Maestrini não está preocupada. Afinal, como diz ela, até  "a Broadway Paulista se apaixonou completamente e arriou os quatro pneus!"

O SOM E A SÍLABA 
De 14 de março a 21 de abril de 2019
 Teatro XP Investimentos (Jockey Club Brasileiro - Av. Bartolomeu Mitre 1110B, Leblon)
Quinta a sábado às 21h e domingos às 20h
Classificação etária: 14 anos
Ingressos à venda no Eventim

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