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‘Tô Frito’: saborosos desastres na cozinha inspiraram livro de Luciana Fróes e Renata Monti

Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 11 de julho de 2017

Quem nunca errou feio na cozinha, mas conseguiu reverter o desastre em uma receita deliciosa? Pois é, e acredite: os erros cabulosos acontecem também nas cozinhas profissionais, como mostra o novíssimo livro Tô Frito Renata Monti e Luciana FróesUma coletânea dos mais saborosos desastres na cozinha. Nele, as jornalistas de gastronomia Luciana Fróes e Renata Monti Barreto listam os mais saborosos acidentes, mostrando que uma série de imprevistos renderam receitas estreladas nos cardápios dos melhores restaurantes brasileiros. Antes, porém, o desespero que antecede o sucesso vem na forma de um "Tô frito!", como Claude Troigros costuma exclamar nestas situações e inspirou a dupla. 

A coletânea traz histórias contadas em primeira pessoas sem qualquer pudor - e muito bom humor! - por 20 nomes da gastronomia nacional, dos medalhões Alex Atala e Roberta Sudbrack às novas figuras Elia Schramm e Morena Leite. Cada história com o direito a ilustrações divertidíssimas de Paulo Villela. Entre as receitas curiosas, por exemplo, vem a farinha de banana de Sudbrack. A farofa escura, de gosto amargo e textura única, foi fruto do ponto a mais em que ficou na panela e se tornou acompanhamento recorrente nos pratos da chef Roberta Sudbrack: ojo de bife, béarnaise e farinha de banana. - vide foto, onde aparece escoltando o ojo de bife com béarnaise. Presença de espírito é necessária quando um chef vê o que criou desmoronando à sua frente. No caso de Flávia Quaresmaliteralmente, já que o insight veio quando ela presenciou o recheio de sua torta derreter por causa do calor, e assistiu o doce desmontar em pedaços em um jantar no qual tudo correra bem até então. Sem pensar duas vezes, a chef teve "a sacada de apresentar como torta terremoto". De desmontada, passou a desconstruída, e foi o sucesso da noite. Além de desastres que viraram sucesso, o livro reúne contos e causos ligados ao mundo da gastronomia. O veterano José Hugo Celidônio, que além de chef é ótimo contador de histórias, jamais irá esquecer da vez em que, ao servir frango com cogumelos em papillote (com os cogumelos envoltos em papel-manteiga) viu o casal que pedira o prato devorar tudo - até o papel manteiga. "Os dois foram embora felizes e ainda elogiaram o prato". Já o inovador chef Pedro de Artagão relembra a inesperada criação de sua entrada mais pedida: a salada caprese da foto de capa, que trazia o queijo burrata líquido servido numa jarra. Neste relato, Artagão conta que encomendou burratas fresquíssimas de um fornecedor na Serra do Rio, mas quando elas chegaram estavam "totalmente derretida, liquída". Ao descobrir de tal desastre gastronômico, Artagão correu para cozinha para achar uma solução: "então servi numa jarra, como se fosse o molho de salada." Ao final de Tô frito!, a gente concluir que mais que obras do acaso, o sucesso está principalmente na habilidade de seus criadores em lidar com ele e transformar um desastre em uma grande e inesquecível delícia. Pura inspiração!

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