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Entre os novos e clássicos: um roteiro para explorar a Zona Portuária

Por Antonia Leite Barbosa | Publicado em 30 de setembro de 2016

Foram-se as Olimpíadas, mas a Zona Portuária e o Boulevard queridinho dos cariocas seguem firmes e fortes. Desde então, uma série de outros grande sucessos como o a Rio Gastronomia, o AquaRio e o novo Parque de Natal encheram de vida a região que já vibra arte graças ao Museu de Arte do Rio e ao Museu do Amanhã. Até o fim do ano serão muitas visitas, e para que nenhuma delas caia na monotonia, vamos de dicas quentes para você tornar cada parada mais interessante.

Fábrica da Bhering de portas abertas

Prova de que a arte resiste no Centro é a antiga Fábrica de Chocolates Bhering. A princípio, um time de artistas e pequenos empresários - atraídos pelos baixos preços - ocupou o espaço, ressignificando-o por completo. O lugar ganhou um café hypado, os novos donos se dividiram em salas e ateliês e o terraço-com-vista ocupado pela Editora Bolha começou a entrar no radar dos amigos que visitavam os amigos. Assim nascia o Circuito Interno, que a cada primeiro sábado do mês apresenta as novidades dos residentes e convida os cariocas a se sentirem parte do espaço. Entre eles estão nomes conhecidos como o artista plástico Dudu Garcia, a restauradora Brígida de Murdas e a turma do Trapiche Carioca. Durante a semana de arte, estará aberta entre quinta e domingo com uma mostra especial de arte e design no segundo andar, das 14h às 21h. Rua Orestes 28, Santo Cristo. 

Jazz inn Champanheria

Há 3 anos, um projeto ousado chegava à região tomada pela boemia do samba e da cerveja: uma charmosa champanheria, onde o jazz dava o tom. O cardápio traz opções borbulhantes nacionais e internacionais para todos os gostos e bolsos. O clima é romântico no mezanino, e fervido no salão, e nele as imensas janelas ganham projeções em mapping que te transportam para cenários distantes através de belos cenários. Neste dia 1º de outubro, o espaço comemora seu terceiro aniversário com welcome open bar de espumante, das 22h às 23h, e os DJs residentes Mary Dee, Haron Dufau, Francesca Sardi e Alvaro Cordeiro se revezarão nas pickups. Rua Sacadura Cabral, 63, Gamboa. Tel.: (21)2253-7916. 

cine-botequim-copy-desktopCine Botequim, boemia-cinéfila

Volta e meia o botequim dá pinta na agenda com alguma de suas ações bacaninhas. Os cinéfilos que chegam por lá se identificam com os posteres e cadeiras de diretores que decoram o espaço e o cardápio que traz opções como o "Touro indomável", porção de pinha fatiada ou a carne de sol "Vidas Secas". Mas o bar temático vai além e arma sessões para exibir clássicos como "2001 - uma Odisséia no Espaço direto no salão. O lugar aberto em 2010 ganhou a simpatia dos amantes da sétima arte e também dos cineastas e estudantes de cinema, que volta e meia se reúnem por ali para expor seus curtas ou longas metragens. DJs e músicos também incrementam o happy hour, vale a pena acompanhar a programação deles por aquiRua Conselheiro Saraiva, 39 - Centro. Tel.: (021) 2253-1414. 

ASA Açaí, a Amazônia é aqui

Recém-chegada à Sacadura Cabral, a pequena loja vai além do açaí caprichado a apresenta aos cariocas um mundo de sabores da Amazônia. ASA - Ação Sustentável da Amazônia - é o novo projeto de João Hermeto, sócio do restaurante Aprazível, que estende a relação que construiu com a região Norte do país convidando cariocas e turistas a provarem iguarias compradas direto de produtores e cooperativas locais. A matéria prima é o açaí de verdade, menos doce e com uma consistência deliciosa, que no lugar do xarope, pode ser adoçado com melado. Acompanhando o açaí no cardápio, João também serve pratos típicos da região de forma despretensiosa e informal, como a galinha no caldo de tucupi, e a moqueca de peixe amazônico com feijão manteiga de santarém carregada no exótico azeite de tucumã. Vale a pena ir conhecer!  Rua Sacadura Cabral, 79, Gamboa. Tel.: (21) 2263-9094.

Casa Porto, ícone de resistência

No meio de tantas mudanças, a casa surge como instrumento para aproximar os moradores de todo este processo e, consequentemente, aproximar quem está de passagem da história da região. Celebrando a resistência dos que insistiam em se manter moradores, mesmo entre as tantas políticas de esvaziamento do último século, a casa funciona como uma incubadora de projetos e apresenta uma série de atividades que seguem o "eixo" Memória-Desejos. A pesquisa e valorização da riqueza cultural do local — saberes, fazeres, história — promovem a consciência sobre a memória do morador, carioca e brasileiro. A apresentação de cursos e oficinas, bem como o fórum de debates e conversas propiciam a essa memória as ferramentas para os desejos, a criação artística, o desenvolvimento humano, social e econômico. É comum ver figuras emblemáticas da região, como a Sonia Baiana, servindo o seu caruru para os frequentadores do bar da Casa. Para conhecer, às segundas-feiras rola o Forró em Casa, dá só uma olhada aquiLargo da Prainha 4, sobrado. 

Samba: a trilha sonora oficial do Rio

pedra-do-sal-alexandre-macieiraEssa dispensa apresentações, mas já que falamos de música, bem antes da revitalização, o sagrado samba das segundas-feiras na Pedra do Sal já insistia em manter a região no mapa cultural, e se existe um som que define a Zona Portuária é o samba que ecoa da roda tradicional. Uma das maiores expressões de resistência da cidade, o repertório e seu público celebram a história da área que já foi porto escravista e guarda histórias tristes, mas também a da resistência popular que contribuiu para a formação da cultura carioca. Toda segunda, a partir das 19h é só chegar. R. Argemiro Bulcão, 1, Saúde. 

Trapiche Gamboa

O Trapiche nasceu há cerca de 12 anos, mas já tem pinta de clássico na cidade. O antigo sobrado do século XIX é destino certeiro para quem busca petiscos e uma roda de samba de qualidade. O gênero dá o tom no primeiro andar, em uma roda à moda antiga, sem palco, que é constantemente comandada por grupos que vem despontando na cidade. O segundo andar é para quem prefere observar a festa de longe, e é até romântico. O lugar abre diariamente, e às terças, quartas e sextas-feiras tem rodinha tradicional, porém as quintas foram a minha descoberta: é quando o grupo Razões Africanas entra em cena, numa roda com o jongo, ijexás, samba, maracatu e outros rimos e canções da língua africana, num autêntico resgate e valorização da nossa cultura. Rua Sacadura Cabral 155. Tel.: (21) 2516 0868 | 2233 9276. 

Gracioso bar, o início do Baixo Portuário

Se existe um pioneiro no Baixo Sacadura, sem dúvidas é o Gracioso. Aberto em 1958 como "Gaiato da Veiga", o bar resiste na Sacadura Cabral, do primeiro pingado da manhã ao último cliente da madrugada, sendo o ápice os happy hour com samba das sextas-feiras.gracioso-2016 Até hoje, é daqueles que clientes habitués chamam os garçons pelo nome, servem porções fartas e, como todo clássico, tem filas na porta para o almoço. Revitalizado após um incêndio que quase pôs fim a história do lugar em 2011, o endereço tradicionalíssimo segue servindo os salgadinhos clássicos que o consagraram para acompanhar a carta de cervejas e cachaça redondinha, entre eles o croquete de camarão Gracioso, o bolinho de bacalhau e o risole de camarão, este o mais pedido. A ala dos principais traz o icônico filé mignon Gracioso - preparado com batata portuguesa, cebola, pimentão, tomate e alho - e a alcatra com queijo coalho e arroz de brócolis, e também novidades da fase pós-revitalização, como o bobó de camarão e risoto de frutos do mar. Diz-se que numa das mesas do bairro nasceu o representativo bloco Escravos da Mauá. Um brinde a isso! Rua Sacadura Cabral, 97, Saúde. Tel.: (21) 2263-5028. 

A grife queridinha dos chefs

A veia gastronômica pulsa também pelas araras do ateliê da SanChef, grife da estilista de Claudia Guerra responsável por vestir com muita atitude chefs como Claude Troisgros Roberta Sudbrack, além de novos nomes como Andrea Henrique Nathalie Passos. Chamam atenção os modelos customizados e linhas inspiradas, como a do Rio de Janeiro, que traz aventais de cores sóbrias pintados à mão pelo artista plástico Cocco Barçante, conhecido por retratar ícones como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. A ala infantil, porém, brinca com cores vivas como vermelho, rosa, roxo e turquesa nos chamados dolmãs "caçulinhas". Chefs amadores e profissionais que quiserem um look personalizado podem ter como ponto de partida o vasto acervo da marca. Em um belo casarão no Boulevard Olímpico, onde está desde 2005, a estilista expõe, além dos tradicionais dólmãs brancos e calças de pied poule, peças hypadas como saiões, jaquetas jeans, faixa turbante, dólmãs bem coloridos, aventais em lona reciclada e eco bags para fazer a feira com muito estilo. Vale a pena programar uma visita à loja, onde a própria Claudia atende por horário marcado. Vem saber mais aqui!

Mironga, cozinha urbana

Instalado em um casarão tombado na Avenida Rio Branco, o espaço tem uma pegada artsy e lota de segunda a segunda graças a proposta de cozinha rápida, mas saborosa e criativa. No comando está Luiz Claudio Varejão, que põe em prática a filosofia de sua família: comer bem precisa estar sempre associado ao bem-estar e à arte. Quase um mantra, tanto que a prestigiada artista plástica Adriana Varejão, irmã de Luiz Claudio, entrou com a dose de arte, e atrai curiosos para conferir a parede do segundo andar coberta pelo conjunto de azulejos Panacea Phantastica - o mesmo do Inhotim, que retrata tipos de plantas alucinógenas. A arte da cozinha fica por conta do chef Julio Costa, ex-Giuseppe Grill, que montou um cardápio que combina sugestões frescas do dia à opções de grelhados nada óbvios. Entre elas estão baby beef, picanha argentina, peixe do dia, e receitas veganas, que podem acompanhar o buffet de saladas ou receitas quentes. A gente já contou tudo sobre o Mironga aqui

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by mg studio