Foram-se as Olimpíadas, mas a Zona Portuária e o Boulevard queridinho dos cariocas seguem firmes e fortes. Desde então, uma série de outros grande sucessos como o a Rio Gastronomia, o AquaRio e o novo Parque de Natal encheram de vida a região que já vibra arte graças ao Museu de Arte do Rio e ao Museu do Amanhã.
Até o fim do ano serão muitas visitas, e para que nenhuma delas caia na monotonia, vamos de dicas quentes para você tornar cada parada mais interessante.
Fábrica da Bhering de portas abertas
Prova de que a arte resiste no Centro é a antiga Fábrica de Chocolates Bhering. A princípio, um time de artistas e pequenos empresários - atraídos pelos baixos preços - ocupou o espaço, ressignificando-o por completo. O lugar ganhou um café hypado, os novos donos se dividiram em salas e ateliês e o terraço-com-vista ocupado pela
Editora Bolha começou a entrar no radar dos amigos que visitavam os amigos. Assim nascia o
Circuito Interno, que a cada primeiro sábado do mês apresenta as novidades dos residentes e convida os cariocas a se sentirem parte do espaço. Entre eles estão nomes conhecidos como o artista plástico
Dudu Garcia, a restauradora
Brígida de Murdas e a turma do
Trapiche Carioca. Durante a semana de arte, estará aberta entre quinta e domingo com uma mostra especial de arte e design no segundo andar, das 14h às 21h.
Rua Orestes 28, Santo Cristo.
Jazz inn Champanheria
Há 3 anos, um projeto ousado chegava à região tomada pela boemia do samba e da cerveja: uma charmosa champanheria, onde o jazz dava o tom. O cardápio traz opções borbulhantes nacionais e internacionais para todos os gostos e bolsos. O clima é romântico no mezanino, e fervido no salão, e nele as imensas janelas ganham projeções em mapping que te transportam para cenários distantes através de belos cenários. Neste dia 1º de outubro, o espaço comemora seu terceiro aniversário com welcome open bar de espumante, das 22h às 23h, e os DJs residentes Mary Dee, Haron Dufau, Francesca Sardi e Alvaro Cordeiro se revezarão nas pickups. Rua Sacadura Cabral, 63, Gamboa. Tel.: (21)2253-7916.
Cine Botequim, boemia-cinéfila
Volta e meia o botequim dá pinta na agenda com alguma de suas ações bacaninhas. Os cinéfilos que chegam por lá se identificam com os posteres e cadeiras de diretores que decoram o espaço e o cardápio que traz opções como o "Touro indomável", porção de pinha fatiada ou a carne de sol "Vidas Secas". Mas o bar temático vai além e arma sessões para exibir clássicos como "2001 - uma Odisséia no Espaço direto no salão. O lugar aberto em 2010 ganhou a simpatia dos amantes da sétima arte e também dos cineastas e estudantes de cinema, que volta e meia se reúnem por ali para expor seus curtas ou longas metragens. DJs e músicos também incrementam o happy hour, vale a pena acompanhar a programação deles por
aqui!
Rua Conselheiro Saraiva, 39 - Centro. Tel.: (021) 2253-1414.
ASA Açaí, a Amazônia é aqui
Recém-chegada à Sacadura Cabral, a pequena loja vai além do açaí caprichado a apresenta aos cariocas um mundo de sabores da Amazônia.
ASA - Ação Sustentável da Amazônia - é o novo projeto de
João Hermeto, sócio do restaurante
Aprazível, que estende a relação que construiu com a região Norte do país convidando cariocas e turistas a provarem iguarias compradas direto de produtores e cooperativas locais. A matéria prima é o açaí de verdade, menos doce e com uma consistência deliciosa, que no lugar do xarope, pode ser adoçado com melado. Acompanhando o açaí no cardápio, João também serve pratos típicos da região de forma despretensiosa e informal, como a galinha no caldo de tucupi, e a moqueca de peixe amazônico com feijão manteiga de santarém carregada no exótico azeite de tucumã. Vale a pena ir conhecer!
Rua Sacadura Cabral, 79, Gamboa. Tel.: (21) 2263-9094.
Casa Porto, ícone de resistência
No meio de tantas mudanças, a casa surge como instrumento para aproximar os moradores de todo este processo e, consequentemente, aproximar quem está de passagem da história da região. Celebrando a resistência dos que insistiam em se manter moradores, mesmo entre as tantas políticas de esvaziamento do último século, a casa funciona como uma incubadora de projetos e apresenta uma série de atividades que seguem o "eixo"
Memória-Desejos. A pesquisa e valorização da riqueza cultural do local — saberes, fazeres, história — promovem a consciência sobre a memória
do morador, carioca e brasileiro. A apresentação de cursos e oficinas, bem como o fórum de debates e conversas propiciam a essa memória
as ferramentas para os desejos, a criação artística, o desenvolvimento humano, social e econômico. É comum ver figuras emblemáticas da região, como a Sonia Baiana, servindo o seu caruru para os frequentadores do bar da Casa. Para conhecer, às segundas-feiras rola o
Forró em Casa, dá só uma olhada
aqui!
Largo da Prainha 4, sobrado.
Samba: a trilha sonora oficial do Rio
Essa dispensa apresentações, mas já que falamos de música, bem antes da revitalização, o sagrado samba das segundas-feiras na
Pedra do Sal já insistia em manter a região no mapa cultural, e se existe um som que define a Zona Portuária é o samba que ecoa da roda tradicional. Uma das maiores expressões de resistência da cidade, o repertório e seu público celebram a história da área que já foi porto escravista e guarda histórias tristes, mas também a da resistência popular que contribuiu para a formação da cultura carioca. Toda segunda, a partir das 19h é só chegar.
R. Argemiro Bulcão, 1, Saúde.
Trapiche Gamboa
O Trapiche nasceu há cerca de 12 anos, mas já tem pinta de clássico na cidade. O antigo sobrado do século XIX é destino certeiro para quem busca petiscos e uma roda de samba de qualidade. O gênero dá o tom no primeiro andar, em uma roda à moda antiga, sem palco, que é constantemente comandada por grupos que vem despontando na cidade. O segundo andar é para quem prefere observar a festa de longe, e é até romântico. O lugar abre diariamente, e às terças, quartas e sextas-feiras tem rodinha tradicional, porém as quintas foram a minha descoberta: é quando o grupo
Razões Africanas entra em cena, numa roda com o jongo, ijexás, samba, maracatu e outros rimos e canções da língua africana, num autêntico resgate e valorização da nossa cultura.
Rua Sacadura Cabral 155. Tel.: (21) 2516 0868 | 2233 9276.
Gracioso bar, o início do Baixo Portuário
Se existe um pioneiro no Baixo Sacadura, sem dúvidas é o Gracioso. Aberto em 1958 como "Gaiato da Veiga", o bar resiste na Sacadura Cabral, do primeiro pingado da manhã ao último cliente da madrugada, sendo o ápice os happy hour com samba das sextas-feiras.
Até hoje, é daqueles que clientes habitués chamam os garçons pelo nome, servem porções fartas e, como todo clássico, tem filas na porta para o almoço. Revitalizado após um incêndio que quase pôs fim a história do lugar em 2011, o endereço tradicionalíssimo segue servindo os salgadinhos clássicos que o consagraram para acompanhar a carta de cervejas e cachaça redondinha, entre eles o croquete de camarão Gracioso, o bolinho de bacalhau e o risole de camarão, este o mais pedido. A ala dos principais traz o icônico filé mignon Gracioso - preparado com batata portuguesa, cebola, pimentão, tomate e alho - e a alcatra com queijo coalho e arroz de brócolis, e também novidades da fase pós-revitalização, como o bobó de camarão e risoto de frutos do mar. Diz-se que numa das mesas do bairro nasceu o representativo bloco
Escravos da Mauá. Um brinde a isso!
Rua Sacadura Cabral, 97, Saúde. Tel.: (21) 2263-5028.
A grife queridinha dos chefs
A veia gastronômica pulsa também pelas araras do ateliê da
SanChef, grife da estilista de
Claudia Guerra responsável por vestir com muita atitude chefs como
Claude Troisgros e
Roberta Sudbrack, além de novos nomes como
Andrea Henrique e
Nathalie Passos. Chamam atenção os modelos customizados e linhas inspiradas, como a do Rio de Janeiro, que traz aventais de cores sóbrias pintados à mão pelo artista plástico Cocco Barçante, conhecido por retratar ícones como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. A ala infantil, porém, brinca com cores vivas como vermelho, rosa, roxo e turquesa nos chamados dolmãs "caçulinhas". Chefs amadores e profissionais que quiserem um
look personalizado podem ter como ponto de partida o vasto acervo da marca. Em um belo casarão no
Boulevard Olímpico, onde está desde 2005, a estilista expõe, além dos tradicionais dólmãs brancos e calças de
pied poule, peças
hypadas como saiões, jaquetas jeans, faixa turbante, dólmãs bem coloridos, aventais em lona reciclada e eco bags para fazer a feira com muito estilo. Vale a pena programar uma visita à loja, onde a própria Claudia atende por horário marcado.
Vem saber mais aqui!
Mironga, cozinha urbana
Instalado em um casarão tombado na Avenida Rio Branco, o espaço tem uma pegada artsy e lota de segunda a segunda graças a proposta de cozinha rápida, mas saborosa e criativa. No comando está Luiz Claudio Varejão, que põe em prática a filosofia de sua família: comer bem precisa estar sempre associado ao bem-estar e à arte. Quase um mantra, tanto que a prestigiada artista plástica Adriana Varejão, irmã de Luiz Claudio, entrou com a dose de arte, e atrai curiosos para conferir a parede do segundo andar coberta pelo conjunto de azulejos
Panacea Phantastica - o mesmo do Inhotim, que retrata tipos de plantas alucinógenas. A arte da cozinha fica por conta do chef Julio Costa, ex-Giuseppe Grill, que montou um cardápio que combina sugestões frescas do dia à opções de grelhados nada óbvios. Entre elas estão baby beef, picanha argentina, peixe do dia, e receitas veganas, que podem acompanhar o buffet de saladas ou receitas quentes.
A gente já contou tudo sobre o Mironga aqui!