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Arquiteta carioca leva nome do Brasil à Bienal de Veneza 2018
Por Alessandra Carneiro | Publicado em 16 de abril de 2018
A arquiteta carioca Carla Juaçaba tem um currículo e tanto. São diversos projetos, com destaque para o pavilhão efêmero Humanidade 2012, concebido com a cenógrafa e diretora de teatro Bia Lessa para o Rio + 20, além de vários prêmios importantes, como a primeira edição do ArcVision Women and Architecture em 2013, na Itália e o prêmio Associação Paulista de Crítico de Arte (APCA-2012). Mesmo assim, quando surgiu o convite para ser a única brasileira a construir uma capela para o Vaticano na Bienal de Veneza 2018, a reação foi de surpresa. “Quando chegou o e-mail do curador Francesco Dal Co eu tomei um susto e fiquei muito feliz”. Carla conta que a mensagem foi bem direta: temos nove nomes fechados para o projeto e falta um, você quer fazer parte? “Claro que quero! Não tive nem o que pensar. Como dizer não?”. O projeto The Pavilion of the Holy See marca a primeira participação do Vaticano na Bienal de Arquitetura de Veneza, cuja 16ª edição acontece entre 26 de maio e 25 de novembro. Dez arquitetos de diversas partes do mundo desenvolveram capelas que estão sendo construídas e dispostas para visitação pública na Isla de San Giorgio Maggiore, ao lado da famosa basílica do arquiteto Andrea Palladio, de 1573. A intenção do Vaticano é que sejam desmontadas ao final da Bienal e reconstruídas nas comunidades italianas que sofreram com os terremotos dos últimos dois anos. Em agosto do ano passado, Carla Juaçaba recebeu imagens e as medidas do local onde sua capela seria construída. Começou a desenvolver, então, um projeto que logo julgou muito pesado para o lugar, até chegar a uma ideia completamente oposta à sua inicial: a de uma construção etérea, simples e leve. “Quis projetar uma capela que se integrasse à natureza e funcionasse quase como um espelho”, conta. Estruturalmente, o projeto é composto por quatro vigas de 12 por 12 centímetros e com oito metros de comprimento, que formam o conjunto: uma cruz em pé e outra deitada. As vigas são feitas em aço inox polido, transformando-as em espelhos que refletem o entorno: com isso, a capela pode desaparecer em um certo momento dependendo dos reflexos do sol e das árvores. “É a analogia da vida: uma hora ela está lá e, em outra, ela simplesmente desaparece”, explica. E é essa “simplicidade quase Franciscana”, como define a arquiteta, que chama atenção para a obra brasileira. Sem teto e sem paredes, o local é um convite para se entrar em comunhão com a natureza. A vegetação e a água do entorno preenchem a capela como se fossem um só espaço. Entre os selecionados também estão os arquitetos premiados com o Pritzker Eduardo Souto de Moura (Portugal) e Norman Foster (Inglaterra), além dos sul-americanos Smiljan Radic (Chile) e Javier Corvalán (Paraguai). A seleção se completa com Flores & Prats (Espanha), Francesco Celini (Italia), Sean Godsell (Australia), Andrew Berman (Estados Unidos) e Teronobu Fujimori (Japão).